OBSESSÕES COMPLEXAS POR APARELHOS PARASITAS: CONSIDERAÇÕES DOUTRINÁRIAS. Dr. VITOR RONALDO

27/07/2011 0 comentários





IVONE A. PEREIRA E MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA 
REGISTRAM OBSESSÕES COMPLICADAS PELA PRESENÇA DE ARTEFATOS FLUÍDICOS DESARMONIZADORES.
Dr. Vitor Ronaldo Costa
(vitorrc@brturbo.com.br)
A questão das obsessões espirituais está longe de ser desvendada em 
sua totalidade, tamanha a diversidade de mecanismos íntimos responsáveis pelo desencadeamento 
das mais complexas síndromes defrontadas pelo gênero humano. Muito embora, na visão espírita,
tenha-se o conhecimento teórico dos fatores predisponentes das obsessões (vingança e a vontade 
de fazer o mal por parte dos espíritos focados na crueldade), pouco se conhece a respeito da forma
pela qual o processo ganha curso. O modus operandi da obsessão espiritual constitui-se um desafio,
pois nem todos os casos decorrem da simples ação hipnótica, da telementação entre o obsessor e 
a sua vítima.


A obsessão decorrente da sugestão mental foi perfeitamente descrita por Allan Kardec
 em “O Livro dos Médiuns”, capítulo XXIII1, oportunidade em que o Codificador 
estabeleceu uma classificação alicerçada na gradação crescente dos efeitos opressivos
sobre o encarnado,tais como a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. Assim, 
pode-se dizer que no contexto das obsessões complexas, ou seja, aquelas que ultrapassam
os limites da simples sugestão mental, identifica-se um tipo caracterizado pela presença de verdadeiros artefatos fluídicos desarmonizadores inseridos na contraparte astral das 
criaturas,com a finalidade de produzir, por ressonância vibratória, sintomas estranhos e 
contundentes, caracterizados por dores lancinantes, limitações funcionais, enfermidades
degenerativas, tumorais ou comprometimento mental severo.
Esses “aparelhos”, uns mais simples e de maior tamanho, outros minúsculos e sofisticados,
 podem ser considerados pontos de partida de um número expressivo de obsessões espirituais
 graves, daí a importância dos espíritas conhecerem detalhadamente o assunto. Desde a década 
de 60, a literatura espírita brasileira, coleciona breves informações a respeito do assunto, mais precisamente duas, registradas por autores confiáveis.
Talvez, por se tratar de temática pouco ventilada no contexto doutrinário, a questão tenha caído no esquecimento, pois a pesquisa experimental não é norma no nosso movimento espírita, com raras exceções, a exemplo dos trabalhos desenvolvidos pelos confrades Hernani Guimarães Andrade, 
Hermínio de Miranda, Lamartine Palhano Jr. e José Lacerda de Azevedo, este último, o grande 
estudioso das obsessões complexas.
Pois bem. Relembremos, inicialmente, algumas informações canalizadas por médiuns que mere
cem crédito. A saudosa e respeitada médium Ivone A. Pereira, em sua obra “Recordações
da Mediunidade”, 1966 (FEB)2, descreve um caso acontecido em 1930, em que se 
percebe nitidamente a presença desse “aparelho parasita” responsável por 
gravíssimas conseqüências. Tratava-se de uma criança com 13 anos de idade, 
levada pelos pais ao antigo “Centro Espírita de Lavras”, época em que a própria médium 
servia de intérprete ao espírito do Dr. Bezerra de Menezes. A história clínica pode ser assim 
resumida. Desde os dois anos, o jovem defrontou-se com deformidades físicas em pernas e 
braços, acompanhadas da incapacidade de articular palavras. Para todos os efeitos, tratava-se 
de um caso grave de mudez. A saudosa médium assim relata como o diagnóstico foi feito: “Ao 
penetrar a sede do Centro, acompanhado pelo pai, os dois videntes então presentes e também 
eu mesma fomos concordes em perceber uma forma escura e compacta cavalgando o rapaz, 
como se ele nada mais fosse que uma alimária de sela, visto que até as rédeas e o freio na 
boca(grifo nosso) existiam estruturados na mesma sombra escura”. Ora, a forma escura 
montada nas costas do garoto nada mais era do que o seu obsessor, antigo escravo, odiento 
e vingativo, em virtude do sofrimento que lhe fora imposto pelo seu senhor de então. Todavia, 
mediante o tratamento espírita, o jovem ficou literalmente curado no espaço de trinta dias. E a 
médium assim finaliza o seu comentário: “Deslumbrado, o pai do rapaz tornou-se espírita 
com toda a família, desejoso de se instruir no assunto, enquanto o filho, falando normalmente, 
explicava, sorridente: 'Eu sabia falar, sim, mas a voz não saia porque uma coisa esquisita apertava 
minha língua e engasgava a garganta...' Essa coisa esquisita seria, certamente, o freio forjado 
com forças maléficas invisíveis...”
Observem que se tratava de um caso não resolvido pela medicina tradicional. A evolução 
prolongada por mais de 10 anos deixara efeitos marcantes no campo físico do jovem, inclusive 
a mudez aparentemente irreversível. No entanto, o esclarecimento a que foi submetida a entidade 
espiritual no trabalho desobsessivo e a retirada do freio bucal (aparelho parasita) contribuíram 
para reverter o inditoso quadro. Demonstração inequívoca de que a terapêutica espiritual, quando
bem orientada, quando integrada por tarefeiros altruístas suficientemente treinados e coordenada 
pelo Mundo Maior, pode amenizar bastante o sofrimento das enfermidades complexas.
Outra referência notável encontra-se na obra “Nos Bastidores da Obsessão”, 1970 (FEB)3, psicografada 
pelo respeitável médium Divaldo Pereira Franco. No capítulo intitulado “Processos Obsessivos”, pinçamos 
informações sobre um tipo de aparelho parasita bem mais sofisticado, provido de recursos eletrônicos e 
arquitetado por um gênio das sombras. Atentem para a transcrição de pequeno trecho feito pelo nobre 
pesquisador espiritual, Manoel Philomeno da Miranda: “Iremos fazer uma implantação – disse em tom de inesquecível indiferença o Dr.Teofrastus – de pequena célula foto-elétrica gravada, de material 
especial, nos centros da memória do paciente. Operando sutilmente o perispírito, faremos com que 
a nossa voz lhe repita insistentemente a mesma ordem: 'Você vai enloquecer! Suicide-se!' Somos 
obrigados a utilizar os mais avançados recursos, desde que estes nos ajudem a colimar os 
nossos fins. Esse é um dos muitos processos de que nos podemos utilizar em nossas tarefas... 
Estarrecidos, vimos o cruel verdugo movimentar-se na região cerebral do perispírito do 
jovem adormecido, com diversos instrumentos cirúrgicos, e, embora não pudéssemos lograr 
todos os detalhes, o silêncio no recinto denotava a gravidade do momento.”

A análise dos dois casos citados é suficiente para que se fique alerta quanto à possibilidade 
das obsessões complexas. No primeiro exemplo, a ação patogênica 
foi desencadeada por um aparelho rudimentar, em forma de freio eqüino, fixado 
na parte interna da mucosa bucal, a dificultar o desenvolvimento da linguagem. 
Era um tipo de aparelho parasita, a bem dizer, grosseiro, forjado com fluídos densificados, 
mas muito bem implantado na estrutura anatômica do perispírito, correspondente à boca no 
campo orgânico. Caso tal artefato fluídico não tivesse sido diagnosticado pelos médiuns 
videntes e retirado naquela oportunidade, certamente o problema da mudez não teria sido 
corrigido. No segundo caso, esse aparelho, como ficou visto, era muito mais delicado, 
de tamanho reduzido, auto-funcionante, inserido cuidadosamente por meio de cirurgia em 
área nobre doencéfalo, com a finalidade de emitir sugestões subliminares contínuas até 
romper o equilíbrio psíquico da pobre vítima e levar-lhe à loucura total e ao suicídio.
Observem ainda um outro pormenor, importante fator diferencial na técnica de investigação dos 
citados casos. Quando os médiuns fixaram a atenção na criança, logo perceberam a presença de 
um campo vibratório denso fortemente imantado ao perispírito do garoto, como a cavalgar-lhe 
o dorso. Era o obsessor que ali se encontrava a manipular as rédeas e o tal freio bucal. De certa 
forma o diagnóstico não apresentou dificuldade. A análise 
clarividente dos médiuns permitiu a identificação do artifício obsessivo. Todavia, no caso citado 
por Manoel Philomeno de Miranda, o diagnóstico exigiria um pouco mais de conhecimento e 
traquejo. O diminuto aparelho parasita, semelhante a verdadeiro “chip” eletrônico incrustado 
na intimidade do cérebro, sem a presença costumeira do obsessor ao lado do enfermo, 
provavelmente dificultaria o diagnóstico da síndrome. O grupo mediúnico teria de se valer 
da clarividência espontânea ou induzida pelo desdobramento perispirítico, para identificar 
o minúsculo instrumento cerebral e depois localizar na erraticidade umbralina o espírito responsável.
Como se deduz, são situações que requerem um bom nível de treinamento do grupo 
mediúnico, e, sobretudo, o concurso de dirigentes afeiçoados às modernas técnicas de 
investigação do psiquismo de profundidade. Além do mais, era preciso localizar à distância 
o espírito responsável pela cirurgia do implante, para que, uma vez atraído ao cenário 
mediúnico, o mesmo fosse submetido ao diálogo esclarecedor e convencido a retirar, 
ele próprio, o artefato parasita, oportunidade ofertada pela 
misericórdia divina com vistas à recuperação inicial da entidade maléfica envolvida em sombras.
Pode-se adiantar aos prezados leitores que, apesar do árduo desafio, esse desiderato 
é perfeitamente exeqüível. Tudo vai depender de alguns requisitos essenciais, a saber: 
experiência do grupo mediúnico na tarefa desobsessiva; formação criteriosa na doutrina 
codificada por Allan Kardec, apoio incondicional dos mentores espirituais; e disposição 
de servir aos necessitados, de acordo com as normas evangélicas norteadoras 
do Espiritismo. Não obstante as técnicas avançadas engendradas pelos verdugos 
espirituais, já se dispõe, no presente momento, de contramedidas defensivas capazes 
de fazer frente ao avanço das sombras.
No entanto, em se considerando a sujeição da maioria dos mortais aos processos 
obsessivos de repercussão grave, não se deve olvidar as normas sabiamente ofertadas 
por Manoel Philomeno de Miranda, na obra anteriormente citada: “– Em qualquer problema de desobsessão, a parte mais importante e difícil pertence ao paciente, que afinal de contas 
é o endividado. A este compete o difícil recurso da insistência no bem, perseverando no 
dever e fugindo a qualquer custo aos velhos cultos do 'eu' enfermo, aos hábitos infelizes, 
mediante os quais volta a sintonizar com os seus perseguidores que, embora momentaneamente afastados, não estão convencidos da necesstdade de os libertar. 
Oração, portanto, mas vigilância, também, conforme a recomendação de Jesus. A prece oferece o 
tônico da resistência, e a vigilância o vigor da dignidade.
Bibliografia:
1- Allan Kardec. “O Livro dos Médiuns”, capítulo XXIII, 59ª edição, FEB.
2- Yvone A. Pereira. “Recordações da Mediunidade”, Capítulo 10, pg. 193, 2ª edição, FEB.
3- Manoel P. de Miranda & Divaldo P. Franco. “Nos Bastidores da Obsessão”, capítulo 8, pg.159, 
1ª edição, 1970, FEB.
4- Idem, pg. 158.

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