Células-tronco

10/06/2011 0 comentários


Para o bom entendimento da importância do estudo sobre célula-tronco, devemos compreender um dos mais importantes processos que ocorrem durante a formação e manutenção dos organismos. Precisamos entender o que é Diferenciação Celular.

O indivíduo adulto apresenta cerca de 200 tipos celulares distintos. Todas as células presentes no corpo humano são provenientes de uma única célula primordial: a célula-ovo ou zigoto. Como pode surgir tamanha variabilidade de formas e funções celulares em nosso organismo se todas provém de uma única célula? À medida que o embrião se desenvolve, cada célula presente nessa estrutura começa uma cascata de transformações importantíssimas para que possa desempenhar corretamente suas determinadas funções, de acordo com a sua localização na estrutura. A essas diversas transformações que ocorrem na célula, denominamos Diferenciação Celular. Esse processo não é pontual, porém longo e gradual; se dá à medida que a célula começa a aumentar seu grau de especialização.Em seres humanos, não é um processo reversível, portanto quanto mais especializada uma célula do embrião for, menor o seu potencial de executar diferentes funções. Simplificando: quanto menor seu grau dediferenciação, maior sua potencialidade de formar tecidos diferentes.

Existem, ainda, células que atravessam todo o período pré-natal e grande parte do pós-natal sem completar seu processo de diferenciação, permanecendo, portanto, no indivíduo adulto com a função de substituir células danificadas ou perdidas. No entanto a potencialidade destas células é reduzida, variando conforme o tecido em que se encontram.


Células-tronco Embrionárias


Para entender o que são as células-tronco embrionárias, voltemos às primeiras etapas de formação do embrião. Logo que formado, o zigoto começa um processo inicial de divisões, chamadas Segmentações Iniciais. Essas primeiras mitoses formam células iguais, presentes em uma estrutura chamada Mórula, pelo aspecto parecido com uma amora. Células da mórula ainda não sofreram nenhuma alteração significante, sendo capazes, portanto, de formar qualquer tipo celular, tanto do organismo como de anexos embrionários. Essas células são capazes de dar origem a um novo indivíduo completo. São as chamadas Células-tronco Embrionárias Totipotentes.
Após essas sucessivas divisões, entramos em uma nova etapa: a formação da blástula. Células da blástula já estão em um estágio mais avançado de diferenciação. Na blástula humana, chamada Blastocisto já podemos distinguir dois grupos distintos de células. Um grupo irá formar placenta e anexos (são as células do Trofoblasto), enquanto outro grupo, presente em uma massa celular interna irá ficar responsável pela formação do embrião (são as células do Embrioblasto). Note que agora já é impossível formar um indivíduo completo a partir de uma única célula, pois ela já está determinada a formar placenta e anexos ou está determinada a formar os tecidos do embrião. Estas últimas, capazes de formar qualquer tecido embrionário, são as chamadas Células-tronco Embrionárias Pluripotentes.

As células do embrioblasto (pluripotentes) são as mais discutidas no meio cinetífico, pois não nos interessa, hoje, formar novos indivíduos em forma de clone, como seria possível com as totipotentes. O que nos interessa é a pesquisa baseada no que chamamos de Clonagem Terapêutica, técnica que consiste na utilização de culturas de células-tronco de alta potencialidade para a formação de órgãos saudáveis para transplantes ou reparação de tecidos lesados, como tecido nervoso, por exemplo.


Clonagem Terapêutica

A utilização de células-tronco pluripontentes se dá a partir da formação de um embrião clonado do paciente, eliminando, assim, o risco de rejeição do órgão ou tecido produzido. Após a formação do embrião, retiramos células do embrioblasto e a colocamos em meio de cultura. Na cultura se utilizam diversas alterações químicas do meio para que as células iniciem o processo de diferenciação no tecido desejado. Esta etapa é importantíssima. Estudos demosntraram que a implantação da célula-tronco diretamente no tecido lesado forma aglomerados celulares sem função, comparados a tumores, e chamados Teratomas.

Por mais simples que pareça, é muito complicado descobrir os mediadores químicos corretos que orientam o tipo de diferenciação que irá ocorrer.
Após a formação do novo tecido, implanta-se o grupo celular no paciente e aguarda-se a formação do tecido saudável.


Aqui se dá o grande debate da sociedade em relação a utilização de Células-tronco embrionárias. Setores da sociedade não aceitam a manipulação de embriões. Os embriões utilizados no tratamento são descartados, após a retirada de células do embrioblasto, sendo isso considerado por alguns como um assassinato, visto que o embrião é uma peça viva.



Células-tronco Adultas
As células-tronco adultas são aquelas que atravessaram o período pré-natal sem completar seu processo de diferenciação celular. São células indiferenciadas presentes no indivíduo adulto com a função de originar novas células, cuja potencialidade é reduzida, quando comparada com as embrionárias. Chamamos elas de Células-tronco Adultas Multipontentes. A potencialidade dessas células varia de acordo com sua localização.

Podemos encontrar células-tronco adultas em vários tecidos do organismo; elas auxiliam os processos de regeneração deles. Hoje em dia, a maior fonte dessas células é a medula óssea vermelha. Já se realizam, inclusive no Brasil, diversos tratamentos de doenças relacionadas ao sangue utilizando-se células-tronco da medula, no entanto novos estudos têm demostrado a incrível capacidade dessas células de regenerar diferentes tecido, por exemplo tecidos musculares.

Além da medula óssea, encontramos células multipontentes no cordão umbilical, tecidos conjuntivos, fígado, cérebro, pâncreas, rins, etc. A potencialidade delas é variável, podendo originar centenas ou dezenas ou cinco ou três ou duas ou uma célula diferente. Este número varia de célula-tronco para célula-tronco.

Veja abaixo alguns exemplos de de células-tronco adultas.

Quando manipulamos células-tronco adultas, entramos no mérito da Terapia Celular. A Terapia Celular, basicamente, se pauta na utilização de células-tronco adultas para a produção de tecidos sadios e futura implantação em pacientes.
Cabe lembrar que a utilização de células-tronco para a cura de doenças se restringe àquelas doenças que não possuam uma causa direta genética, como algumas síndromes, visto que para evitar a rejeição de tecidos implantados, utilizam-se células do próprio paciente, portanto, células que carregam a mesma carga genética das células doentes.
Fonte: Prof.Gabriel Urtiga
http://gabrielurtiaga.blogspot.com/

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