A vida traz aquilo em que a gente acredita

05/08/2009 0 comentários


A VIDA TRAZ AQUILO EM QUE A GENTE ACREDITA
Alimentar crenças negativistas é o que faz com que as coisas não dêem certo em nossa vida
Coisa boa não vem de graça. A vida é dura. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que Rico entrar no Céu. Sorte no jogo, azar no amor. Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. Felicidade dura pouco.
Essas frases são tão fortes e conhecidas em nossa cultura que já tornaram-se parte do nosso conjunto de valores. Mas, alimentar crenças negativistas como essas é extremamente prejudicial à nossa felicidade. É o que afirmam OS psicólogos como Vera Lúcia Ferreira dos Santos, cujo trabalho é levar as pessoas a encontrar as crenças que as limitam, desfazê-Las e colocar no lugar pensamentos otimistas.
Ao acreditar nessas coisas, o ser humano cria situações que só as reforçam.
"Alguém que não se acha inteligente faz um teste para conseguir emprego e FICA nervoso", exemplifica Vera. "Aí, não consegue passar e continua pensando que não é inteligente" . Se a pessoa que tem uma doença que considera grave, ela tende a não acreditar no tratamento, se entrega e, por mais que reze, ficará rapidamente debilitada com a doença.
Também no amor, crenças negativistas provocam grandes estragos. Uma mulher cujo pai era infiel no casamento ou tinha atitudes machistas, por exemplo, tende a achar que todo homem faz o mesmo - "que homem não presta", diz Vera. "Essa mulher acaba envolvendo-se com homens que tenham atitudes parecidas porque só conhece isso, e, de certa maneira, acha que sabe lidar com a situação; a história que ela conhece se repete, só que com outros personagens. "
As crenças negativistas e limitadoras, segundo a psicóloga, são fruto DA nossa experiência logo na infância. Quando ouvimos OS pais dizerem algo como "você nunca conseguirá tal coisa", podemos criar uma crença quanto a isso. Até um gesto, um fato impressionante, um olhar de reprovação que vivenciamos quando crianças pode gerar uma crença que FICA inconsciente. Há também as que herdamos DA nossa cultura. No Japão, por exemplo, as pessoas acreditam que precisam ser as melhores em tudo. Quando falham, até se suicidam.
Na maioria das vezes, tais crenças são inconscientes - ou seja, não percebidas por nossa consciência. Vera dá um exemplo de como esses fatores inconscientes atuam. "Conheci uma moça que queria abrir uma floricultura. Preparou-se, tinha o dinheiro necessário, mas não conseguia realizar o projeto porque não achava um bom sócio. Fomos descobrir que ela tinha a crença de que precisava de um sócio porque, a qualquer momento, poderia ficar doente. E, nesse caso, ele tomaria conta do negócio. Então, no fundo, a crença de que ela ficaria doente é que estava dificultando a abertura DA floricultura. "
De acordo com a psicóloga, para identificarmos a existência de crenças negativas no inconsciente, é preciso fazer uma análise DA nossa vida para encontrar OS aspectos em que não nos sentimos satisfeitos. Depois, identificar a crença que pode estar gerando aquele resultado. Nem sempre isso é tão simples, pois há crenças muito interiorizadas e, em certos casos, é preciso a ajuda de um psicólogo. "Depois que a crença foi identificada, é preciso removê-la e colocar pensamentos novos no lugar. Isso se faz por um processo de repetição, que é como a mente aprende. "É preciso fazer um diálogo interno, um diálogo consigo mesmo, e repeti-lo muitas vezes, cada vez mais rapidamente, até que aquilo seja incorporado pela mente", explica Vera. Alguém que acredita que não merece ser próspero deve dizer algo como "aprecio o dinheiro, eu mereço todo o conforto que ele me traz". Mas isso tem de ser feito de uma forma sutil, delicada, para que a própria pessoa possa acreditar no que está dizendo.
A psicóloga dá outros exemplos de frases reprogramadoras de crenças que USA com seus pacientes. Para quem tem problemas de saúde, "eu sou saudável". Para quem se acha infeliz no amor, "eu mereço relacionamentos afetivos gratificantes" , "estou aberto para um relacionamento saudável e feliz". Para quem acredita que a vida só traz sofrimento, "eu faço a minha história, assumo que só depende de mim ter bem-estar e felicidade". Em caso de dificuldades na convivência com alguém, "eu estou aprendendo a me relacionar com tal pessoa".
"Cada um é responsável pela vida que leva. Há pessoas inteligentes, bem preparadas, com tudo para Dar certo... E que no entanto não decolam porque não acreditam que podem conseguir isso. A responsabilidade pelo que atraímos na vida é só nossa. Enquanto a gente se colocar como vítima e não assumir isso, não poderemos mudar as coisas", conclui Vera.
Vera Lucia Ferreira dos Santos é psicóloga iungiana, psicanalista e master em programação neurilinguística.

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