A RAIVA

04/10/2009 0 comentários
Não erraria totalmente se dissesse que vivemos a Era da raiva. 
Tentando verificar a aprovação social das manifestações da raiva, quatro estudos examinaram a consideração social que o sistema atribui para as pessoas “raivosas”. Esses estudos mostram que o povo atribui mais status às pessoas que expressam raiva do que às pessoas que expressam tristeza ou mágoa.

A RAIVA E O CORAÇÃO:
A raiva de fato mata ou, pelo menos, aumenta significativamente os riscos de ter algum problema sério de saúde, onde se inclui desde uma simples crise alérgica, uma grave úlcera digestiva, até um fulminante ataque cardíaco.Janice Williams (médica) acompanhou por seis anos 13.000 homens e mulheres com idade entre 45 e 64 anos e, tomando o comportamento como base, descobriu que as pessoas que se irritam intensamente, e com freqüência, têm três vezes mais probabilidades de sofrer um infarto do que aquelas que encaram as adversidades com mais serenidade.Isso ocorre porque, a cada episódio de raiva, o organismo libera uma carga extra de adrenalina no sangue (veja o que acontece nas suprarenais durante o estresse). O aumento da concentração de adrenalina aumenta o número de batimentos cardíacos e, simultaneamente, torna mais estreitos os vasos sanguíneos, o que aumenta a pressão arterial. 

A repetição desses episódios pode gerar dois problemas em geral associados ao infarto; alteração do ritmo cardíaco (arritmia), aumento da pressão arterial e uma súbita dilatação das placas de gordura que, porventura, estejam nas artérias.A medicina tem enfatizado exaustivamente as condições de vida e de personalidade que favorecem a doença cardíaca; quem fuma, como se sabe, tem até cinco vezes mais possibilidades de sofrer um ataque cardíaco, pessoas de vida sedentária apresentam risco 50% maior de ter problemas de coração, obesidade, idem. Agora, depois de muitos estudos sabe-se que a influência da raiva no desenvolvimento de doenças cardíacas é comparável a essas causas anteriormente conhecidas, e mais, independentemente delas (Williams, 2000). 

Isso quer dizer que, se a pessoa não tiver nenhuma dessas condições relacionadas ao desenvolvimento de doenças cardíacas mas for raivosa, estará igualmente sujeito à elas.A ansiedade e a raiva são perigosas à saúde. Um recente artigo de Suinn oferece uma revisão seletiva da pesquisa nessa área e ilustra como a ansiedade e a raiva aumentam a vulnerabilidade às doenças, comprometem o sistema imune, aumentam níveis de gordura no sangue, exacerbam a dor, e aumentam o risco da morte por doença cardiovascular. Os mecanismos possíveis para tais efeitos foram identificados por , incluindo o papel da resposta cardiovascular a essas emoções no agravamento da saúde (Suinn, 2001).Assim sendo, as pessoas cuja personalidade se classifica como Pavio Curto, está provado, têm muito mais chances de sofrer do coração. Parar de fumar, fazer exercícios regularmente e ter uma alimentação saudável já é difícil, hoje em dia, dominar a raiva, é mais difícil ainda. Mas é possível, graças à Deus.Não se pode tentar estabelecer alguma relação entre raiva e agente estressor desencadeante da raiva. Essa questão varia de pessoa para pessoa e depende, basicamente, da valoração que a pessoa dá aos objetos do mundo à sua volta e dos traços de sua personalidade. Mas há um estudo que procurou relacionar os efeitos estressores do preconceito racial no sistema cardiocirculatório. Nessa pesquisa, a hostilidade e raiva elevadas foram associadas com os níveis mais elevados da pressão arterial. E mesmo a exposição indireta ao conflito racial (filmes) determina uma reação hipertensiva em pessoas previamente sujeitas ao sentimento da raiva.

A raiva como Forma de Violência: 
Seus sinônimos são: ira, fúria, furor, zanga.As idéias polêmicas e controvertidas de que reprimir a raiva faz mal a saúde, traz outras conseqüências psíquicas e orgânicas ou coisas do gênero, tem gerado um sem número de compressões errôneas. A raiva pode ser entendida como uma sensação de frustração que sentimos, quando esboçamos um desejo e ele não acontece. Então surge a frustração com vontade de revidar, que é a raiva.A raiva, que é a geradora de impulsos violentos contra os que nos ofendem, ferem ou invadem a nossa dignidade é a responsável por um sem número de atos de violência, incluindo a autoviolência, contra nossa própria saúde.

A Raiva e Risco de Suicídio: 
Sendo a raiva, teoricamente, estimulada por agentes externos (raiva de alguém, de alguma coisa...), e preocupada em saber se esses agentes externos poderiam ser responsáveis por suicídio, a psiquiatria tem pesquisado junto à pessoa portadora de Transtorno por Estresse Pós-traumático, (Veja em PsiqWeb) os fatores mais agravantes.Algumas pesquisas mostram que a pessoa portadora de Transtorno por Estresse Pós-traumático apresenta mais risco de suicídio, de acordo com sentimentos de raiva e com traços de impulsividade na personalidade, do que aquela mais serena e também portadora de Transtorno por Estresse Pós-traumático (Kotler, 2001)
 


A Raiva e Problemas de Relacionamento e Adaptação Social: 
A violência e agressividade no ambiente de trabalho são freqüentes problemas do cotidiano. Há estudos sobre a predisposição para o sarcasmo e para a raiva no ambiente do trabalho e determinados traços da personalidade (Calabrese, 2000).Concluiu-se que existem muitas variáveis para a exarcebação da raiva no ambiente de trabalho. Entre essas variáveis se incluem as influências da cultura, pessoal e do sistema, o próprio ambiente de trabalho, se hostil ou não, os mecanismos psicológicos pessoais de defesa, as atitudes da liderança, o estresse vigente e, finalmente, das diferenças da personalidade.Outra investigação avaliou se as pessoas que haviam perpetrado algum tipo de violência, poderiam ser diferenciadas de pessoas não violentas através de medidas da raiva e da distorção cognitiva. Vê-se, como já se suspeita pelo bom senso, que as pessoas violentas tiveram níveis bem mais elevados de raiva dirigida ao exterior do que os participantes não violentos.Quando algum teste mostrava não haver diferença entre níveis da raiva entre os participantes violentos e não violentos, além do ato agressivo, os resultados sugeriam que os indivíduos mais violentos têm dificuldade em controlar sentimentos de irritabilidade e, por isso, muito mais facilidade em expressar a raiva. Nenhuma diferença significativa surgou com relação à racionalidade e intelectualidade dos dois grupos (Dye, 2000).

RAIVA E ÓDIO:
O Ódio é mais profundo que a raiva. Enquanto a raiva seria predominantemente uma emoção, o Ódio seria, predominantemente, um sentimento. Paradoxalmente podemos dizer que o ódio é um afeto tão primitivo quanto o amor. Tanto quanto o amor, o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes, os quais refletem mais ou menos o narcisismo fisiológico que nos faz pensar sermos muito especiais.Assim como o amor, só odiamos aquilo que nos for muito importante. Não há necessidade de ser-nos muito importantes as coisas pelas quais experimentamos raiva, entretanto, para odiar é preciso valorizar o objeto odiado.Em termos práticos podemos dizer que a raiva, como uma emoção, não implica em mágoa, mas em estresse, e o ódio, como sentimento, implica numa mágoa crônica, numa angústia e frustração. Nenhum dos dois é bom para a saúde; enquanto a raiva, através de seu aspecto agudo e estressante proporciona uma revolução orgânica bastante importante, às vezes suficientemente importante para causar um transtorno físico agudo, do tipo infarte ou derrame (AVC), o ódio consome o equilíbrio interno cronicamente, mais compatível com o câncer, com arteriosclerose, com a diabetes, hipertensão crônica.

O ÓDIO: 
A força do ódio é muito grande. Grandes grupamentos humanos podem se irmanarem através do ódio (à um inimigo comum) ou se destruírem (numa relação do tipo perseguido-perseguidor). De qualquer forma, o ódio tem uma predileção especial para se nutrir das diferenças entre o outro e o eu e, de acordo com observações clínicas, onde se cruza com o ódio há, inelutavelmente, um excesso de sofrimento físico e psíquico. O sofrimento e o ódio são tão próximos e íntimos que cada um acaba se tornando a causa do outro.(Ballone GJ - raiva e Ódio, emoções negativas - in. PsiqWeb, Internet, disponível emhttp://gballone.sites.uol.com.br/lidando/raiva.htmlÓdio é um termo que se origina do latim odiu, que é a paixão que impele a causar ou desejar mal a alguém; execração, rancor, raiva, ira: aversão a pessoa, atitude, coisa, etc.; repugnância, antipatia, desprezo, repulsão rancor profundo e duradouro que se sente por alguém; aversão ou repugnância, antipatia, etc. .O ódio pode estar voltado a inúmeros fatores como por exemplo aos desonestos, à violência, aos pobres, ricos, etc. .É um sentimento que abala relacionamentos, e cria vínculos a serem reparados, sendo encontrado, em suas várias modalidades de manifestação e em seus variados graus de intensidade.O ódio solapa o ser humano considerado verdadeiro flagelo psicológico.Com muita propriedade a filosofia chinesa assevera: "sentir ódio é como beber água salgada, aumenta mais a sede".
Realização:Instituto André Luiz

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