A bençao do esquecimento

03/08/2009 0 comentários
A bênção do esquecimento

Um dos postulados básicos do espiritismo é o da pluralidade das existências ou reencarnação.A evolução dos espíritos exige inúmeras existências para aperfeiçoar-se.Todos são criados simples e ignorantes, mas seu destino é tornarem-se anjos.A magnitude da meta evidencia a impossibilidade de ser alcançada no curto espaço de uma vida terrena.Um questionamento freqüentemente levantado a essa idéia refere-se ao esquecimento das existências passadas.Afirma-se que esse olvido é contraproducente.Se já vivemos muitas vezes na terra, por que não nos lembramos?Segundo alguns, a lembrança auxiliaria a não repetir os equívocos do passado.Também serviria de incentivo à adoção de um patamar nobre de conduta.Afinal, seria possível correlacionar as dores atuais a específicos erros de outrora.Conseqüentemente, as criaturas teriam interesse em agir com dignidade.A crítica parece sedutora, mas não resiste a uma análise criteriosa.Tenha-se em mente que o esquecimento constitui a regra geral.Raras pessoas têm, naturalmente, a lembrança de seu agir em outras existências.A sabedoria divina certamente possui razões para assim estabelecer.Convém recordar que a lei do progresso rege a vida.Toda a criação está em permanente processo de evolução e metamorfose.Na conformidade dessa lei, os espíritos não retroagem em suas conquistas.As posições sociais mudam constantemente, mas ninguém é hoje pior do que já foi um dia.As conquistas morais e intelectuais dos espíritos jamais são perdidas.Assim, cada homem hoje se encontra no auge de seu processo evolutivo.Ninguém nunca foi no passado mais bondoso ou nobre do que é agora.Ocorre que a maioria absoluta da humanidade possui atualmente inúmeras mazelas morais.Isso evidencia que o passado dos homens, em geral, não é repleto de nobres e belas ações.Nesse contexto, o esquecimento das encarnações pretéritas constitui uma bênção.No âmbito de uma única existência, quantas vezes a criatura deseja esquecer seus equívocos?Não é fácil conviver com a lembrança de atos levianos.Inúmeros relacionamentos periclitam pela dificuldade dos seres humanos relevarem os erros recíprocos.E na verdade os erros são inerentes ao processo de aprender.Não é possível sair da mais completa ignorância e transitar para a angelitude sem cometer equívocos nesse gigantesco caminhar.Para propiciar os acertos necessários, a divindade permite o esquecimento do viver pretérito.O que se viveu persiste na forma de intuições e tendências, simpatias e antipatias, facilidades e dificuldades.Muitas vezes, o inimigo de ontem renasce na condição de um filho.O esquecimento permite a transformação da mágoa em amor.Ante o rostinho rosado e o olhar ingênuo de uma criança, torna-se possível amar a quem ontem odiávamos.Quem outrora nos incomodava hoje nos auxilia na figura de um amigo ou irmão.Sob a bênção do esquecimento, refundem-se as emoções e elos fraternos se estabelecem.Assim, não é relevante lembrar o passado.O importante é viver bem o presente.
(Equipe de Redação do Momento Espírita)

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